sábado, 25 de fevereiro de 2017

Cristo: Queda e Levantamento
de Muitos
SERMÃO N° 907 PREGADO NA MANHÃ DE DOMINGO 26 DE DEZEMBRO, DE 1869
POR CHARLES HADDON SPURGEON NO TABERNÁCULO METROPOLITANO, NEWINGTON, LONDRES.
“E Simeão os abençoou, e disse a Maria, sua mãe: Eis que este menino é posto para queda e elevação de muitos em Israel, e será um sinal de contradição” Lucas 2: 34.

Este texto esconde em seu interior um profundo abismo, mas eu não tentarei medi-lo. Há alguns meses, uma companhia foi organizada para tratar de recuperar alguns lingotes de ouro e barras de prata que supunham jazer no fundo do mar, em um galeão espanhol que afundou há alguns séculos. Meu barco não está equipado com o maquinário necessário para extrair o ouro escondido nos misteriosos abismos; ademais, eu me pergunto seriamente se a tentativa não seria bem mais perigosa que rentável, pois muitos mergulhadores que submergiram nas enormes profundezas da predestinação se perderam, e muitos mais se tornaram infrutíferos para a igreja e para o mundo. Meu barco não é mais que um pequeno bote de pesca, cuja ocupação é pescar almas de homens. Meus dons só me permitem ser um barco de cabotagem, que transporta alimento de porto em porto para alimentar quem tem fome do pão que sacia. Não tentarei, portanto, penetrar no sublime mistério que este texto contém referente à divina posição de Cristo de ser ocasião de queda e elevação de muitas almas. Eu creio nessa doutrina, ainda que não possa expô-la. Creio, tremulamente, nas palavras de Pedro referentes àqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes, “ao qual foram também destinados”. Mas repito que, ainda que eu creio na doutrina da predestinação em todo seu comprimento e largura, porque a vejo revelada na Palavra de Deus, contudo, como não posso ver nenhum resultado prático que possa surgir de uma discussão deste tema esta manhã, a deixarei para outras mentes e para outras línguas. Prefiro conduzi-los à verdade prática contida no texto.
A grande doutrina prática que temos diante de nós é esta: que onde quer que Cristo chegue, com quem quer que entre em contato, nunca deixa de exercer Sua influência e nunca é inoperante, antes, em cada caso um resultado muito importante é produzido. Há no santo menino Jesus um poder que sempre está ativo. Ele não foi posto para ser um personagem que passa despercebido, que é inativo ou que cochila no meio de Israel, mas que foi posto para queda ou para soerguimento de muitos que o conhecem. Jamais um homem ouve o Evangelho sem que se levante ou caia depois de escutá-lo. Nunca há uma proclamação de Jesus Cristo (e essa é a vinda espiritual do próprio Cristo) que deixe os homens precisamente onde se encontravam. É certo que o Evangelho terá algum efeito sobre aqueles que o escutam. Ademais, o texto nos informa que, quando a humanidade entende a mensagem e a obra de Cristo, não as considera com indiferença, antes, quando ouve a verdade que é em Jesus, ou a toma gozosamente em seus braços como fez Simeão, ou se transforma para ela um sinal de contradição. Aquele que não é com Cristo, é contra Ele, e quem com Ele não ajunta, espalha. Onde Cristo está, nenhum homem permanece neutro: ou decide por Cristo ou decide contra Ele. Quando uma mente entende o Evangelho, só tem duas opções: ou tropeça nesta pedra de tropeço, sendo escandalizada por ela, ou se regozija em uma fundação sobre a qual se deleita em construir todas as suas esperanças para o tempo e para a eternidade.

Observem, então, as duas faces da verdade: Jesus opera sempre sobre os homens com um efeito decisivo e, por outro lado, o homem trata ao Senhor Jesus com uma resposta, seja de afeto ou de oposição; perenemente se produzem uma ação e uma reação.
Qual, você crê, que seja a causa disto? Não é devido, primeiro, à energia que habita no Cristo do Senhor e no Evangelho que o representa agora entre os homens? O Evangelho é pura vida e energia; como levedura, incha e fermenta com energia interna e não pode descansar até que leveda tudo o que o rodeia. Poderia ser comparado com o sal que tem que permear, penetrar e temperar o que está sujeito à sua influência. Paulo compara a pregação de Cristo a um cheiro suave. Agora notem, você não pode dizer a um perfume: “Fique quieto; não sature o ar com fragrâncias; não afete os narizes dos homens”. Ele não poderia comportar-se de outra maneira: a fragrância tem que encher o ambiente. Da mesma forma, Cristo tem que ser um cheiro, quer seja de vida para vida, ou de morte para morte, mas há de ser um cheiro onde quer que chegue.
Não é mais factível restringir a obra do Evangelho que proibir a ação do fogo. Se você parar diante do fogo, ele lhe aquecerá e o confortará, mas se você meter a mão no fogo, você se queimará. Se mantiver o fogo em seu lugar apropriado, ele lhe prestará um abundante serviço; se, porém, uma fagulha salta dele, consumirá toda a casa e devorará tudo o que entrar em contato com ele. Você não pode dizer ao fogo: “Reprima sua energia consumidora”. Posto que é fogo, tem que queimar.
E o mesmo sucede com o Sol no alto. Ainda que as nuvens o ocultem de nossa visão neste momento, ele sempre derrama, como proveniente da boca de um forno, seu calor e sua luz. Tampouco ele poderia deixar de queimar e brilhar, a menos que deixasse de ser um Sol. Enquanto for um Sol, há de permear o espaço circundante com sua influência e seu resplendor. Surpreende-lhes que o Sol de Justiça seja de uma justiça ainda mais divina? Maravilham-se porque pode ser que o incêndio de Sua glória cegue Seus inimigos, ou que a afetuosidade do Seu amor enxugue as lágrimas dos Seus amigos, e que, em cada caso, haja um resultado claro e um efeito manifesto?
O Evangelho nunca volta vazio, antes, faz prosperar aquilo para que o Senhor o enviou. Jesus não pode parar de operar no Evangelho. “Meu Pai até agora trabalha, e eu trabalho também”. O Pai não dá uma pausa na providência, e o Filho não cessa na obra da graça.
Ademais, lembre-se que Jesus Cristo e Seu Evangelho são assuntos de tão primordial necessidade para a humanidade que desta causa também há de surtir sempre um efeito produzido por Cristo. Considerem outros assuntos que sejam de primeira necessidade para a humanidade, e aquilo que profiro ficará claro. Aqui existe ar e eu o respiro. O que acontece então? Pois bem, vivo. Não posso respirá-lo sem obter este importante resultado. Os pulmões recebem o ar, o sangue recebe uma provisão de oxigênio e a vida é mantida. Suponham que eu me recusasse a respirar o ar; o que aconteceria então? Algum efeito notável sucederia? Me sentiria um pouco desfalecido? Teria menos energia? Não, morreria. Se respiro, vivo; se recuso respirar, morro.
Assim, o Senhor Jesus é tão necessário para nossas almas, como a atmosfera é para nossos corpos. Se recebemos Cristo Jesus, vivemos; não podemos recebê-lo sem que vivamos por Ele. Se não o recebemos, morremos. É inevitável que assim seja. Você não pode rejeitar o Salvador e ser afetado só um pouquinho por isso; não há outra alternativa, salvo que você pereça completamente. Tomem outro item necessário para o ser humano: o pão. Se comerem pão, ele os nutrirá e proverá o material que forma a carne e os músculos, os nervos e ossos. Se recusarem, então, se privarão da vida. Vocês poderiam tratar de enganar os demais se quisessem, mas, seja sob vigilância ou não, morrerão se não comerem. O sábio decreto determinou que não há vida sem comida; se o lapso se prolongar o suficiente, a morte será algo inevitável para aqueles que não comem o alimento necessário. O mesmo acontece com Cristo, que é o pão enviado do céu. Se o receberem, terão tudo o que sua alma necessita para seu sustento e para aplacar sua fome; se o rejeitarem, não há absolutamente nada nem no céu nem na terra que possa suprir a carência de sua alma.
Poderia dar-lhes também como exemplo a água que bebemos ou qualquer outra coisa que não fosse um artigo suntuoso ou de necessidade artificial, mas que fosse absolutamente necessário para a vida humana; todas essas coisas surtem efeito para o bem ou para o mal, segundo as aceitem ou as rejeitem. Assim tem que ser necessariamente com Cristo.
Poderíamos acrescentar que a posição na qual Jesus Cristo se encontra com o homem torna inevitável que Ele tenha um efeito sobre ele. Não vou falar dos pagãos que não escutam sobre Ele, nem de nossos infelizes pagãos que nos rodeiam, que não querem ouvir sobre Ele. Mas, quanto a vocês que ouviram sobre Cristo, eu asseguro que nos seus casos, o Senhor Jesus Cristo se encontrou com vocês em ocasiões nas quais aceitar ou rejeitar geraria uma crise em seu ser. Ele estava no meio do seu caminho. Ocorreu num domingo de noite quando o Espírito Santo estava com o pregador; ou foi um dia, quando seu pai acabava de ser enterrado; ou, mulher, foi na noite em que seu amado bebê acabava de ser retirado de seu peito para ser colocado sobre o leito mortuário. Você pode lembrar facilmente dessa ocasião. Cristo estava no meio de seu caminho e você não pôde dar nenhuma volta para se esquivar; aquela noite ou você teria que encontrar com Ele e fazer com que fosse para você uma pedra de tropeço ou você teria que edificar sobre Ele neste mesmo instante e neste lugar, e aceitá-lo como a confiança de sua alma.
Eu creio que esse momento de decisão chega a todos os ouvintes da Palavra que a escutaram, até certo ponto, inteligentemente. E quando o Espírito Santo nos capacita, a partir deste momento, a receber o Redentor para que seja a base da confiança de nossa alma, oh, que felicidade! Mas se é deixado que nós mesmos rejeitemos a Cristo, não o teremos rejeitado sem fazer violência a nossa consciência e sem ter violentado tudo o que é bom e verdadeiro. Não teríamos encontrado Cristo sem saber que estávamos encontrando o mais nobre dom de Deus, com o maior sinal do amor do Pai, que estávamos nos encontrando com a única coisa que poderia nos libertar da ira vindoura e nos assegurar uma eternidade de gozo. Vejam assim que, pelo fato de Cristo vem a nós na crise importante de nossa vida, ele não pode nos ser indiferente. Tem que provocar ou nossa queda ou nosso levantamento.
Ademais, permitam-me observar que o Senhor Jesus foi posto precisamente para isso. Assim diz o texto: “ Este é posto para queda e soerguimento de muitos em Israel”. Veio para este propósito. Vejam o lavrador que pega a pá. Observa-se o monte de trigo mesclado com palha que jaz no solo. O lavrador começa a agitar a pá até gerar uma corrente de vento. O que acontece? A palha voa até o mais afastado confim da era, e fica só ali; o trigo, mais pesado, fica purificado e limpo, formando um dourado monte de grão. Assim é a pregação do Evangelho. Assim é Cristo: Ele separa aqueles que irão perecer daqueles que serão salvos. A pá discerne e descobre; revela o que não tem valor e manifesta o precioso. Cristo tem assim a pá em Sua mão! Vejam outra metáfora que encontramos nos Profetas: “E quem poderá suportar o tempo de sua vinda? Ou quem poderá estar de pé quando ele se manifestar? Porque Ele é como o fogo purificador e como sabão de lavandeiros”.
Vejam o fogo purificador. Notem como arde e queima. Agora se tornou incandescente; você não pode tolerar olhá-lo. O que aconteceu? Pois bem, a escória foi separada da prata, e o ouro foi separado da liga. O fogo purificador separa o precioso do vil. E assim o Evangelho revela os eleitos de Deus e abandona à dureza de coração os impenitentes convictos. Onde o Evangelho é pregado, os homens que o aceitam são preciosos para Deus, são Seus eleitos, Seus escolhidos. Os homens que o rejeitam são a prata rejeitada. Assim os chamarão os homens, pois Deus os rejeitou.
Observem também o sabão do lavandeiro. Ele pega seu sabão e, ao realizar seu ofício sobre aquela peça de linho marcada com muitas manchas e cores, vocês veem como essas coisas imundas desaparecem com o sabão e só permanece o lindo tecido. As manchas e o linho experimentam o poder do sabão. Da mesma forma, o Evangelho pega o tecido manchado da humanidade e o limpa: a imundície desaparece e se esfuma diante dele, e o bonito tecido permanece. Acontece o mesmo com os santos de Deus; quando o Evangelho chega a eles, os purifica, enquanto os malvados, como machas imundas, são postos para fora em sua maldade.
Mostrei-lhes, assim, que não é possível que Cristo chegue a qualquer parte sem que produza algum resultado. Gostaria de repetir que não é possível que Cristo venha a vocês sem que seja produzido algum resultado. Suplico-lhes que não caiam nunca no erro dos que asseveram que a incredulidade não é nenhum pecado, e que rejeitar a Cristo não é uma falha de vocês. O teor geral da Santa Escritura contradiz essa opinião sumamente errônea. Quase não conheço nada que seja mais tendente a sedar a consciência para que durma que esse engano. Podem estar certos de que o Evangelho será um odor de morte para morte para vocês, se não for para vocês odor de vida para vida. Se não creem, já foram condenados. Por quê? Ouçam a voz de Deus: “Aquele que Nele crê, não é condenado; mas aquele que não crê já foi condenado, porque não creu no nome do unigênito Filho de Deus. E esta é a condenação (sobre toda outra condenação), que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más”. Vocês se encontram em uma solene posição esta manhã, ao ouvir o Evangelho de Cristo. Não podem sair desta casa sem que lhes tenha sido posta uma marca que permanecerá ali por séculos, seja para o seu bem, seja para o seu mal. Cristo haverá de operar em suas almas. Ele é posto para sua queda ou para sua elevação.
Tendo exposto assim a grande verdade do texto, me proponho, com a maior brevidade possível, a responder uma ou duas perguntas.
A primeira pergunta é: QUEM SÃO OS QUE CAEM DEVIDO A CRISTO? Nos dias de Cristo, esta pergunta não era difícil de responder. Os que caíam por causa de Cristo eram, antes de mais nada, os detentores da tradição. Existiam certas pessoas que sempre argumentavam: “Os antigos sustentavam isto”. Citavam as palavras do Rabi Ben “Isto” ou do Rabi Ben “Aquilo”, e estes famosas palavras eram exaltadas por cima da Palavra escrita de Deus, frequentemente a ponto de suprimir o próprio significado do Decálogo mesmo, e de constituir às tradições dos homens uma autoridade superior aos mandamentos de Deus.
Nosso Senhor Jesus Cristo cortou com o machado a raiz desta árvore má, pois continuamente dizia: “Foi dito aos antigos… mas eu vos digo”. Denunciava que anularam a lei de Deus por meio de suas tradições. Pegou uma vassoura e varreu implacavelmente as velhas teias de aranha do que os pais faziam e do que os antigos diziam, e colocou o sempre eterno “escrito está” acima da autoridade da antiguidade. Muito trabalho parecido há para Ele em nossos dias, quando o uso do Rito de Sarum[1], o costume das igrejas ortodoxas, e não sei que outras coisas mais de lixo venerável, profanam a casa de Deus; e, meus irmãos, Ele o fará seguramente e a tradição cairá uma vez mais diante da Palavra do Deus que vive eternamente.
Caíram também pela mão de nosso Senhor os externalistas. Estes homens davam muita importância ao lavatório das mãos antes de comer o pão, e consideravam que era uma grande coisa estender as franjas de seus mantos e estavam peculiarmente atentos a seus filactérios; usavam cuidadosamente coadores para impedir que as moscas se introduzissem em seu vinho e que algum animal imundo tocasse em seus lábios. Mas o Mestre, em Seu ministério, os despachou sumariamente. “Vocês, cegos néscios”, disse, “coais o mosquito, e tragais o camelo”. Como escarneceu de suas largas orações, e de suas vãs pretensões, e do dízimo do cominho, e de sua avidez por devorar as casas das viúvas! Não poderiam esquecer a analogia do vaso e do prato, lavado por fora mas sujo por dentro, nem do sepulcro caiado, tão lindo para o olho, e sem dúvida, tão cheio de podridão. “Ai de vós” – dizia – “escribas e fariseus, hipócritas!” E com essa palavra varreu todo o império do externalismo, e fez ver a vaidade religiosidade externa do coração que permanece sem ser renovado. Quão convincentes são essas palavras: “Não o que entra pela boca; mas o que sai da boca, isto contamina o homem”. O reino de Deus não é comida nem bebida, mas gozo no Espírito Santo. Oh, desejamos uma hora da presença do nosso Senhor para flagelar o formalismo de hoje, mas tenham bom ânimo, pois Seu Evangelho o fará.
O Mestre fez cair ao mesmo tempo todos os justos com justiça própria. Eles mesmos concebiam ser justos e desprezavam os demais. Que queda lhes provocou quando contou aquela famosa parábola do fariseu e do publicano que subiram ao Templo para orar; como aquele homem altivo que dava graças a Deus porque não era como os outros homens regressou a sua casa sem paz, enquanto que o humilde pecador que se confessava indigno de alçar seus olhos ao céu, voltou para sua casa justificado por Deus. Oh, o Mestre arrasou com a justiça própria nos dias de Sua carne! Vamos, alguém pensaria que ali onde Cristo estava, o fariseu queria tirar seu filactério e esconder as franjas dos seus mantos. Pouca coisa para seu orgulho era para ele permanecer longe e professar ser melhor que outros homens, mas Jesus de Nazaré arrancou-lhe a máscara e lhe revelou o coração.
Jesus nosso Senhor foi também a queda dos sabichões de Sua época. Haviam advogados; eles conheciam cada ponto regimental; podiam discernir em um instante o que devia ser e o que não devia ser segundo os pais, e tinham uma maneira de ler cada preceito de Moisés como que para fazê-lo significar o que quisesse, de acordo com o tamanho de sua carteira.
Também havia os escribas. Quão diligentes estudantes tinham sido. Eles sabiam quantas letras haviam em toda a lei, e qual era a letra do meio, e qual era a palavra do meio. Eles conheciam o tamanho e o comprimento de cada livro, e tinham escrito notas, incomparáveis em sabedoria, sobre cada passagem; e eram especialistas em turvar o sentido de cada passagem e em fazer com que as palavras significassem o que nunca tiveram a intenção de ensinar. Esses doutores em teologia, esses escribas do tempo de Cristo, eram diligentes estudantes da letra e, contudo, Ele os desconcertou com uma pergunta tão simples que até um menino seria capaz de responder: “Pois se Davi lhe chama Senhor, como ele é seu filho?” Eles não puderam responder-lhe; e se tivessem sido capazes de responder com toda a sua sabedoria a essa única pergunta, Ele teria podido fazer muitas perguntas mais por meio das quais sua ignorância teria sido descoberta. Ele foi sua queda, assim como será neste dia a queda de todos os sábios arrogantes, pois “prende aos sábios na astúcia deles”.
Mas se nosso Senhor foi a queda dos que eram extremamente religiosos, dos que eram justos com justiça própria, dos que eram meramente ortodoxos, Ele foi também a queda da igreja ampla assim como também da “igreja alta”[2] Como fez cair aos saduceus! Eles equivaliam aos homens da “igreja ampla”. Professavam crer na lei de Moisés, mas a privavam de seu elemento sobrenatural, porém, continuavam na igreja estabelecida de então. Claro que o faziam. Por que o Sinédrio nacional não haveria de ser de caráter mais inclusivo? Todavia, esses céticos declaravam que não há ressurreição nem anjos nem espíritos. Quando o Senhor entrou na arena para enfrentá-los, sua famosa história da mulher com os sete esposos foi quebrada como uma espada de madeira, e sentiram contra seus peitos a ponta de uma arma irresistível quando Jesus lhes perguntou se o Deus de Abraão, Isaque e Jacó era o Deus dos mortos ou dos vivos. O triunfo de nosso grandioso Líder sobre a  facção cética foi tão completo como o triunfo logrado sobre o grupo ritualístico, pois a ambos Ele propiciou uma queda acachapante.
Se é fácil responder à pergunta “a quem fez cair durante a Sua vida?”, não seria difícil responder à pergunta “a quem Cristo faz cair hoje?”. Convenhamos, o tipo de pessoas é muito parecido à gente que Ele fez cair naquele tempo. Se alguns de vocês confiam nas coisas externas da religião, se são estranhos à vida espiritual, se dependem de sua confirmação, de seu batismo, de receber os sacramentos ou de qualquer coisa cerimonial, certamente Cristo será a sua queda. Ouçam Suas próprias palavras: “Necessário vos é nascer de novo”. “E se alguém não tem o Espírito de Cristo, não é dele”. Ainda que recebesse o batismo de Cristo e a ceia de Cristo quantas vezes quisesse, sem Seu Espírito, estaria perdido.  Se há alguns que estão confiados em sua própria excelência, se esperam entrar no céu porque nunca fizeram nenhum grande dano e foram, em geral, pessoas muito boas, amigáveis, amáveis e generosas, Cristo será sua queda se continuam sendo como são agora. Seu Evangelho os condena categoricamente. Pois, o que diz esse Evangelho? “Pelas obras da lei ninguém será justificado”. Vamos, então, esperaria ser justificado a despeito do que Cristo declarou por meio de Seu apóstolo inspirado? Cristo é a morte da própria justiça e você perecerá inevitavelmente se confiar em seu próprio eu.
Alguns lhes dirão que a natureza humana não é em absoluto tão má como se afirma na Escritura. Há alguns pontos excelentes no homem que só necessitam de oportunidades de desenvolvimento. Ah! Mas se o homem não estivesse caído, por que necessitaria de um Salvador? Se o homem não estivesse irremediavelmente caído, por que Deus teria necessitado descer do céu e assumir a natureza humana para redimir o homem? Vocês, os que louvam a natureza humana, roubam a glória de Cristo para coroar o rebelde moribundo. Tenham certeza de que esse roubo será sua ruína a menos que se arrependam.
Há outros que dizem: “se o homem realiza seu maior esforço, sem dúvida será aceito por Deus”; esses esperam que haja suficiente força no homem para que lhe capacite a abrir caminho até conseguir o que deseja. Se é assim, por que é necessário esse sacrifício de sangue? Que necessidade teria dos gemidos do Calvário e das dores da morte? O sacrifício de Cristo é a morte de todas as esperanças de uma auto-salvação. Se você pudesse salvar a si mesmo, seria monstruoso que Cristo viesse para lhe salvar. Eu lhe digo que se você se agarra à autoconfiança, a cruz de Cristo será sua queda. Será um testemunho condenatório contra você.
Por outro lado, Jesus é a queda de todos os que confiam nos sacerdotes, ou dos que professam ser sacerdotes. Quando o Filho de Deus se apresenta como o Sacerdote da humanidade caída, como vocês se atrevem – vocês cães de baixo nível, cachorros que ladram aos calcanhares do Anticristo – a reclamar que são o que unicamente Jesus é? Como se atrevem a arrogar para si o direito de estar diante do altar, estando Ele ali? Agora que o Sol de Justiça se levantou, não podemos e não nos atrevemos a confiar em tais manchas de escuridão como vocês.
A todas as pessoas que estão autossatisfeitas, a todas aquelas que são de mente altiva, a todas elas Cristo provocará seguramente uma terrível queda. “Todo vale se encherá, e se abaixará todo monte e outeiro”. Ele abaterá todo olhar de orgulho, pois Ele está posto para queda de todos aqueles que, seja em Israel seja entre os gentios, exaltem a si mesmos na face do Senhor dos Exércitos. Julguem vocês, senhores, se Ele vai ser sua queda. Vocês podem sabê-lo facilmente. Aquele que está abaixo não necessita temer nenhuma queda, mas o que está no alto faria bem em tremer para que o Menino que nasceu em Belém não seja sua queda.

  1. Mas tenho que prosseguir. Surge naturalmente outra pergunta mais feliz. PARA QUEM SERÁ O LEVANTAMENTO DO SENHOR JESUS?
Ele será soerguimento para aqueles que caíram. Você confessa: “eu caí”? Você reconhece: “possuo uma natureza caída”? Lamenta-se por ter caído em pecado? Oh, irmão meu, Ele será sua elevação. Ele não pode levantar quem não foi humilhado; mas se você caiu e está consciente disto neste dia, Ele foi posto para ser erguimento de quem é como você. Pergunto de novo: você está consciente de estar abaixo? Não pode haver levantamento para quem está acima. Não pode haver cura para quem não está enfermo. Cristo não veio por um propósito tão ridículo como o de ser Salvador de quem já é salvo. Você está doente? Ele foi posto para sarar aqueles que são como você. Você está caído? Então, quanto mais desesperada seja sua queda, quanto mais profundo seja seu sentido de degradação, mais me regozijarei. Se você se autoproclama “o maior dos pecadores”, eu estarei muito mais grato; e se você sente que está mais além de toda esperança, hei de felicitá-lo como a um prisioneiro da esperança, pois Ele veio para ser levantamento daqueles que são como você.
Claramente para o sentido comum de todos, o soerguimento não é para quem está acima, mas para quem tem necessidade de ser levantado. Eles se ergueram Nele. Notem, ainda, que aqueles que se levantam Nele são os que estão dispostos agora a erguerem-se por Ele. Ele não salva a ninguém que não esteja disposto, mas faz com que os homens estejam dispostos no dia do Seu poder. Você está disposto neste dia a levantar-se com Cristo? Isso virá de Deus por pura graça. Essa disposição é uma indicação de que Jesus foi posto para levantar-lhe. Jamais uma alma se apegou a Cristo com uma corajosa vontade de levantar-se, para, por fim, descobrir que Cristo a abandonou para que perecesse. Apenas agarre-se à borda de Seu manto e Ele lhe erguerá para Sua própria glória.
Tomamos conhecimento de algumas pessoas que, ao estarem se afogando, se jogavam sobre outras pessoas que também se afogava e que, a duras penas, poderiam somente salvar a si mesmas, mas que não podiam sustentar outra, e que, portanto, se viam forçadas a livrar-se de quem se apegava a elas na hora trágica. Mas você pode se agarrar a Cristo sem medo; Ele é um nadador todo poderoso que levará à terra toda alma que se abraçar a Ele.
Trêmulo crente em Jesus o Redentor, você se levantará da pobreza para sentar-se entre príncipes; você se levantará do monturo de seus pecados para reinar com os anjos; você se levantará de sua morte espiritual para uma vida nova; você se levantará da vergonha de seu pecado para a honra da perfeição. Vocês se levantarão para ser filhos de Deus, educados e treinados para um mundo melhor; se levantarão para morar nas muitas mansões da casa de seu Pai; vocês se levantarão para ser um com Cristo, e entrarão em Seu gozo triunfando com Ele. E tudo isto não é para aqueles que têm uma alta estima de si mesmos, mas para aqueles que lamentam sua própria indignidade e pecaminosidade. Ele mostra um cenho franzido para os altivos e um sorriso para os humildes. “Tirou dos tronos os poderosos e exaltou aos humildes. Aos famintos supriu de bens, e aos ricos expulsou de mãos vazia”.
III.   Outro assunto haverá de nos ocupar por um momento. Alguns dos melhores críticos dos tempos modernos diferem inteiramente dos antigos expositores, e pensam que o “e” usado aqui é conjuntivo e não disjuntivo; ou seja, que as duas palavras descrevem unicamente a um tipo de pessoas, enquanto que alguns comentaristas mais antigos – segundo eu creio, corretamente – interpretam as palavras como referindo-se a duas classes de pessoas. No entanto, por um momento, incluiremos este outro sentido moderno em nossa exposição. Este menino é posto para queda e para levantamento de muitos em Israel, ou seja, há alguns que cairão mas que também se levantarão em Cristo; há alguns a quem Cristo provocará uma queda que nunca levaram antes, e um levantamento que será para sua eterna ressurreição.
Permitam-me apresentar-lhes uma situação. Vocês se lembram da luta de Jacó com o anjo durante a noite. Experimentaram alguma vez o que significa lutar com Cristo? Eu lembro quando Ele me encontrou e entrou em conflito de graça com meu espírito rebelde. Eu me ergui em altivez, e lhe disse, virtualmente, que não tinha necessidade de um Salvador; mas Ele lutou comigo pois não me deixaria ir. Permaneci pisando firme, segundo me imaginava, na lei, mas que queda me provocou quando me revelou a natureza espiritual dessa lei e me demonstrou minha culpabilidade em cada ponto! Então, pensei que estava parado firmemente com um pé sobre a lei e com o outro sobre a Sua graça, imaginando que eu poderia ser salvo em parte pela misericórdia de Deus e em parte pelos meus próprios esforços. Mas que queda experimentei quando aprendi que se a salvação era por obras, não poderia ser pela graça, e se era pela graça, não poderia ser pelas obras; que as duas não podiam se mesclar entre si. Logo disse que colocaria minha esperança no cumprimento dos deveres que o Evangelho ensina; pensei que eu tinha o poder de fazer isso; me arrependeria, e creria, e assim, ganharia o céu. Mas que queda experimentei e como cada um dos meus ossos parecia quebrado quando me declarou: “Separados de mim nada podeis fazer. Ninguém pode vir a mim, se não for trazido pelo Pai”.
Você se lembra, irmão, de quando jazia diante de Cristo e do Evangelho, todo quebrantado e dilacerado, até que não restou nada de vida em você, exceto a vida em que podia sentir dor, e inclusive questionava essa vida, pois temia que não sofria suficiente dor? Sentia que não era o suficiente penitente nem suficientemente crente, e que não podia converter-se em nenhuma outra coisa diferente do que você era. Estava desesperado e desamparado. Ah, assim é como Cristo salva as almas. Primeiro lhes provoca uma queda e posteriormente os faz levantar.
Não pode encher o vaso enquanto ele não estiver vazio. Tem que desalojar o mérito humano para que haja espaço para a misericórdia. Não pode vestir o homem que já está vestido, nem alimentar quem não está faminto. É a alma faminta que será saciada; é a alma despida que será vestida; é o caído quem é levantado. Mas a queda que Jesus provoca é uma bendita queda. Ele nunca derrubou ninguém sem que o levantasse depois. Estes são os atributos de Jeová Jesus: “Eu faço morrer, e eu faço viver; eu firo, e eu curo”.
O texto diz que depois da queda vem o levantamento. Já expliquei o que é isso. Espero que entendam. Se vocês neste dia são capacitados para se agarrarem a Jesus Cristo simplesmente confiando nele, já foram levantados por Ele. Quem confia em Cristo é perdoado, é aceito e salvo; e por mais baixo que tenha caído em sua própria estima devido à queda que a verdade lhe provocou, você pode chegar a uma maior altura na união que tem com Cristo, pois é aceito no Amado; e agora, então, nenhuma condenação há para você. O céu é sua segura porção e você estará com Cristo onde Ele está.
  1. Vamos concluir com umas poucas palavras sobre a última parte do texto. O texto nos diz que o Senhor Jesus é “UM SINAL DE CONTRADIÇÃO”.
De que é um sinal? O Senhor Jesus Cristo é um extraordinário sinal, e o único sinal que conheço que nunca foi desmentido. Ele é um sinal do amor divino. “De tal maneira amou Deus ao mundo, que deu seu Filho unigênitoNunca houve um sinal igual do amor de Deus pelo homem como quando Deus deu Seu próprio Filho por ele. Agora, tem havido muitos outros sinais do amor de Deus, mas os homens não os contradisseram. O arco-íris foi em alguns sentidos um sinal do Seu amor, de que não destruirá mais o mundo com um dilúvio. O sol é um sinal do amor de Deus pelo homem e também o é a lua. Ele faz com que o Sol brilhe de dia e que a lua resplandeça de noite, porque para sempre é sua misericórdia. Uma abundante colheita, uma torrente que flui, um vento refrescante, as misericórdias comuns da vida, todas essas são sinais da benevolência de Deus e ninguém as contradiz. Mas o mais grandioso sinal de benevolência da parte de Deus foi quando não poupou Seu próprio Filho e, contudo, não se escuta o burburinho, o ruído e a confusão de línguas, como estrondos de muitas águas, conforme clamam as nações:  “Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo”? Temos que eliminar um indivíduo como esse da face da Terra! “Não é conveniente que viva”. Oh prodígio da malícia humana! Deus chega ao clímax da benevolência, e o homem exibe o clímax do ódio mortal. O maior dom provoca a maior hostilidade, e o mais excelso sinal faz surgir a mais virulenta oposição.
Cristo foi um sinal da justiça divina. Um Salvador ensanguentado, o Filho de Deus abandonado por Seu Pai, os raios da vingança que encontram um alvo na pessoa do Bem Amado, em tudo isto se revela mais plenamente a justiça. Não ouvi falar de outros sinais de vingança que foram contradições. Os homens tremeram, mas não lançaram impropérios. Sodoma e Gomorra, com cabeças inclinadas, confessaram a justiça de sua condenação. O Egito, engolido pelo Mar Vermelho, não disse nada a respeito; nenhum dos seus registros contém uma só blasfêmia contra Jeová por ter varrido a cavalaria da nação. Os juízos de Deus, como regra, deixam os homens mudos de assombro! Mas esta, que foi a maior manifestação de ódio divino contra o pecado, quando o Filho de Deus se fez descer às mais baixas profundezas como nosso substituto, isto provoca hoje a maior ira do homem. Não sabe quantos estão continuamente lançando impropérios contra a cruz? O Crucificado ainda é aborrecido. Quão sem igual é a perversidade da natureza humana, que, quando Deus mais manifesta Sua justiça, mas a mescla docemente com Seu amor, o sinal é contradito por todas as partes!
Permitam-me concluir em um ponto em que muito mais se poderia dizer ao observar que Cristo foi o sinal da comunhão do homem com Deus, e do companheirismo de Deus com o homem. Ninguém devia ter contradito isso. Deveria ser o maior gozo do homem que exista uma escada que vai da terra ao céu, e que haja uma ponte que conecta a criatura ao Criador. Mas o homem não quer estar perto de seu Deus, e por isso lança impropérios contra os meios fornecidos para a comunhão.
Cristo é o sinal da semente eleita. Ele é a semente da mulher, a cabeça do povo sob o pacto, e isso é, talvez, a principal base da oposição, pois a serpente tem que odiar sempre a semente da mulher. Deus pôs uma inimizade entre elas. Jesus é o representante do santo, do nascido de novo, do espiritual. Ele é o sinal dos eleitos de Deus; e por este motivo, tão logo como a mente carnal, que não conhece a Deus nem o ama, percebe a Cristo e Seu Evangelho, de imediato agita a profundidade de sua malevolência para acabar com Cristo, se isso lhe fosse possível.
Irmãos, nunca acabarão com Ele. Podem contradizer o Evangelho, mas eis aqui nosso gozo: que Cristo levantará  Seu povo e certamente provocará a queda de seus inimigos. É um dos fatos comprovados da providência que nenhuma mentira é imortal. Nunca tenham medo de que algum erro possa dominar por muito tempo. A arca do Senhor não pode cair diante de Dagom, mas Dagom tem que cair diante da arca do Senhor. Tenham paciência, tenham paciência! A vitória é certa ainda que demore. Poderiam se queixar de que os ritualistas recobram força. Tenham paciência! O Senhor rirá deles até o escárnio, o Senhor zombará deles. Poderiam dizer que os que duvidam da verdade da Palavra de Deus ganham força. Mas hão de esperar com paciência, pois o ceticismo será derrotado. “Mas eu pus meu rei sobre Sião, meu santo monte”. O Senhor Deus estabeleceu o decreto e o decreto permanecerá.
Tenham bom ânimo, pois tudo está bem. À medida que você se levantar com Ele, não desmaie, ainda que o sinal seja de contradição. “Com vossa paciência ganhareis vossas almas”, pois o dia virá quando Ele tomará satisfação de seus adversários e que o mais altivo inimigo será atirado ao solo; pois Ele os destroçará, os governará com uma vara de ferro e os quebrará como um vaso de argila. Oh, ponham-se do Seu lado vocês que querem estar seguros. “Honrai ao Filho, para que não se ire, e pereçais no caminho; pois se inflama logo sua ira. Bem aventurados todos os que Nele confiam”.
Venham, vocês, seres trêmulos, escondam-se debaixo das asas do seu Salvador, que diz hoje como disse nos dias de Sua carne: “Quantas vezes quis ajuntar seus filhos, como a galinha ajunta seus pintinhos debaixo das asas e não quiseram!” Não o rejeitem, para que Ele não venha a ser para vocês uma águia veloz que detecta a presa de longe, e desce com terrível vingança para desmantelar e para destruir.
Que o Senhor nos conceda que o menino Jesus seja posto para nossa elevação, e um sinal no qual as almas se deleitarão por causa de Seu nome. Amém.

Porção da Escritura lida antes do sermão: Lucas 2.
ORE PARA QUE O ESPÍRITO SANTO USE ESSE SERMÃO PARA EDIFICAÇÃO DE MUITOS E SALVAÇÃO DE PECADORES.
FONTE:
Todo direito de tradução protegido por lei internacional de domínio público
Sermão nº907—Volume 15 The Metropolitan Tabernacle Pulpit,
Tradução: Ana Rachel Gondim
Revisão: Armando Marcos
Projeto Spurgeon – Proclamando a CRISTO crucificado.
www.projetospurgeon.com.br

OFEREÇA AQUILO QUE VOCÊ TEM!
“Quantos pães vocês têm?”, perguntou Jesus. “Sete”, responderam eles, “e alguns peixinhos.” Mateus 15.34 (NTLH).
“Os homens levam em consideração apenas suas necessidades, nunca suas habilidades.” Napoleão Bonaparte.
Ninguém oferece aquilo que ele não tem. Com essa afirmativa iniciamos esse momento de reflexão. É uma verdade lógica, mas de relevância extremamente importante na prática. Muito querem oferecer aquilo que não tem. A conversa inicial neste texto leva os discípulos a Jesus para que o mesmo tomasse uma decisão relacionada aparentemente a isso. A preocupação dos discípulos estava firmada, alicerçada, fundamentada nas necessidades da multidão que ali estava. Esta é a segunda multiplicação dos pães e dos peixes, e não seria diferente da primeira. Na primeira a preocupação maior era com relação ao fato de que o dia estava caindo, a noite se aproximava, e, aquelas pessoas logo sentiriam fome, e se fossem despedidas, poderiam comprar nos lugarejos, nas vilas por onde elas passassem; e na segunda a preocupação era com o lugar deserto onde não se tinha lugar para comprar, em ambas a necessidade era inadiável, e a proposta de Jesus logo vem: “Mas Jesus respondeu: — Deem vocês mesmos comida a eles.” (Mc 6.37 – NTLH).
Jesus e os discípulos estão rodeados de quatro mil homens, e isto sem contar mulheres e crianças. O local onde estão é o meio de um deserto. Não há nada para comprar, não há lojas, lanchonetes, supermercados. Como alimentar alguém, sem recursos, sem local para comprar os alimentos? A Bíblia nos diz que na primeira multicação foram cinco mil homens alimentados, e na segunda, quatro mil, sem contar as mulheres e crianças. Se eu não tenho nada, como faço para oferecer?
A essa pergunta Jesus responde. Não há duvida que todos nós iremos responder como os discípulos. Vamos procurar o jeito mais pratico para resolver os nossos problemas, e também os daqueles que estão próximos de nós, que Deus nos tem confiado. Não vamos focar na possibilidade de Deus realizar milagres através de nossas vidas. Vamos dizer, “Senhor despeça a multidão”, mas Jesus sempre usou pessoas como você, para alimentar a multidão. E até hoje ele continua nos perguntando “o que você tem em suas mãos?”, esperando de cada um a certeza de que o milagre do sustento, e especialmente o espiritual, de dar o alimento, será através de nossas vidas.
Nessa segunda multiplicação fica nítido o interesse de Jesus em alimentar a multidão. Ele diz: “Tenho compaixão desta gente, porque há três dias que permanecem comigo e não têm o que comer. Se eu os despedir para suas casas, em jejum, desfalecerão pelo caminho; e alguns deles vieram de longe.” (Mc 8.2 e 3 - RA). Jesus tinha algo para dar, Ele é o próprio pão da vida, e nos convida a oferecê-lo como a solução para a necessidade do ser humano. Ele continua usando discípulos como nós. Se coloque nas mãos do Senhor e ofereça aquilo que você tem, se é que você tem.
Rev. Abdiel.


AINDA HÁ ESPERANÇA, APESAR DE ...
As pessoas felizes lembram o passado com gratidão, alegram-se com o presente e encaram o futuro sem medo. Epicuro.
Josué 1: 1 e 2
Estamos entrando no primeiro mês do ano de 2017. Parece que foi ontem quando contávamos os dias para a chegada do ano 2000, para iniciarmos o século 21. Naquele momento de especulações, muito chegaram a citar o famoso adágio, que muitos garantiram estar na Bíblia: “1000 passará, mas 2000 não chegará”. Chegamos, ultrapassamos e já vivemos 16 anos após tudo isto. Os anos estão passando depressa demais, e com eles caminhamos todos juntos sem parar... entra ano e sai ano e fazemos muitos planos de sucesso para a nossa vida, outras vezes entramos o ano cheio de frustrações.
Israel estava assim. O ano é o ano da morte de Moisés. Todo o Israel estava enfrentando as expectativas de entrar na terra prometida. O seu grande líder, que os havia tirado da terra do Egito, agora estava morto. Partiu com 120 anos, não se lhe escureceram os olhos, nem se abateu o vigor. Israel chorou a morte de Moisés por 30 dias. Este fora o profeta de que Israel nunca mais viu se levantar em sua nação, “onde Deus houvesse tratado face a face”. Homem que realizou “grandes e terríveis feitos...à vista de todo o Israel”. Mas agora a esperança se esvai até Josué assumir o seu posto na direção e condução de todo Israel na terra prometida.
Às vezes estamos assim. Recebendo um ano novo cheio de desesperança, de frustrações, cheira morte, não há expectativas, os planos são quase tomados por completo de pessimismo, falta fé, convicção de que pode haver esperança, vitória em meio ao caos. Estamos vivendo uma crise política, moral e ética, que nos faz ouvir com frequência de que o ano de 2017 será intensamente pior do que foi 2016. É preciso muito mais do que sermos influenciados por essas crises, precisamos olhar e projetar nossas vidas e planos no Deus Todo-poderoso, no YAWEH, que transforma derrotas em vitórias, fracassados em vitoriosos, desesperançados em esperançados.
Após o luto, há esperança. Deus falou com Josué, “dispõe-te, agora, passa este Jordão, tú e todo este povo, à terra que eu dou aos filhos de Israel”. O Senhor transmitiu a Josué quatro ordens específicas: 1) atravessar o Jordão; 2) ser forte; 3) fazer o povo herdar; 4) tomar o cuidado de fazer tudo de acordo com a Lei.
E para isto acontecer é preciso seguir as ordens emanadas da voz de Deus: 1) DISPÕE-TE – ordem dada, tem que ser missão cumprida. O dispor indica atitude necessária para ser ter êxito; 2) AGORA – numa ação imediata, especialmente quando todos ao nosso redor parecem uma fonte de pessimismo; 3) PASSA ESTE JORDÃO – obedeça às ordens e as estratégias de Deus para a sua vida.
O ano que entra tem que estar regado da mensagem de Josué 1, “ainda há esperança para um ano abençoado. Para alcançar a terra prometida, os alvos e planos para 2017, é necessário se dispor, e de forma imediata obedecer a Deus para que o ano seja um ano de plantio e colheita, ou seja de trabalho árduo para ver o sucesso se tornar algo presente por depositar a nossa fé naquele que pode todas as coisas,

Rev. Abdiel.