sábado, 4 de abril de 2009

ANÁLISE DO LIVRO RAÍZES DO CRISTIANISMO

ANÁLISE DO LIVRO RAÍZES DO CRISTIANISMO

INTRODUÇÃO

No prefácio de sua obra, o autor, Rev. Hermisten mostra a razão que o motivou à publicação de seu livro, a saber: “estabelecer uma linha de relações e correlações entre alguns dos diversos pensamentos que contribuíram para a formação da Teologia do século 20”. Tratando o assunto com esmero e profundidade, faz da sua narrativa um prazer da leitura aqueles que a lêem. Ao mostrar sua gratidão a grandes colaboradores em mestres que o auxiliaram na escrita deste livro.
Na introdução de seu livro o autor Rev. Hermisten Maia já o inicia definindo o que é a teologia contemporânea. Define-a como o estudo analítico-critico das manifestações teológicas surgidas após a Reforma e, em geral, contrárias ao sistema dela. Na seqüência apresenta 08 elementos que realçam a importância do estudo da teologia contemporânea, a saber:
a) Impede a estagnação do estudo da Bíblia
b) Fomenta o interesse pelo estudo bíblico e teológico;
c) Esclarece e fortalece as convicções próprias;
d) Areja a mente para encontrar novos elementos da teologia;
e) Aumenta a cultura teológica;
f) Faculta o conhecimento dos pontos de vista contrários;
h) Fornece bases para combater os sistemas contrários à Palavra;
i) Proporciona maior firmeza ao ministro e autoridade naquilo que fala.
Ao fazer algumas considerações metodológicas o autor afirma que a relação entre história e a teologia é extremamente complexa e de difícil interpretação. E como homens o mesmo procura estabelecer métodos, examinar documentos, fazer-lhes pergunta e interpretá-los a bem da melhor compreensão possível do que aconteceu, e, ainda, que a história não esta atrelada a nenhuma ciência particular. Como ciência histórica deve apresentar um quadro histórico e cronológico dos principais fatos da vida da igreja do período analisado Ele atua como um arqueólogo que se envolve com o passado. O historiador sempre necessitará de documentos, e que o historiador e os fatos históricos são necessários um ao outro, pois historiador sem seus fatos não tem raiz e é inútil. São seres finitos tentando juntar os fragmentos com os quais se deparam. Trabalhará sempre com seus pressupostos, todavia se esforçando para não interferir na evidencia dos fatos para não sacrificar a verdade. Menciona em sua introdução a questão do método baseado em René Descarte, no livro “Discurso do Método”, ele observou que “não é suficiente ter o espírito bom, o principal é aplicá-lo bem”.
Maia apresenta-nos quatro elementos fundamentais para a história da igreja: 1) Documentação fidedigna; 2) Método correto de verificação e análise desta documentação; 3) A procura constante da imparcialidade na análise dos fatos e na elaboração das conclusões; 4) A consciência de que, apesar de nossa seriedade, o nosso trabalho é limitado.
Este livro é dividido em duas partes, compreendendo em seu conteúdo 7 capítulos. A primeira parte é a construção do pensamento moderno, contendo seis capítulos, onde o autor aborda o renascimento, a reforma protestante, o pensamento moderno, a ortodoxia protestante, o pietismo e o iluminismo. A segunda parte – O iluminismo e o liberalismo Teológico do século 19, contendo um capítulo falando sobre o liberalismo teológico.

PARTE I. A CONSTRUÇÃO DO PENSAMENTO MODERNO.

I. O Renascimento
O autor passa a narrar acerca do período do renascimento; definindo-o e fazendo um paralelo entre o renascimento e humanismo. O renascimento apesar de ser uma decorrência da idade média veio implodir a idade média e muitos de seus valores. O autor apresenta algumas características da filosofia renascentista, a saber, a restauração da cultura clássica, a criação do novo, a síntese do cristianismo com a cultura clássica, a valorização do homem. O Humanismo renascentista, sem dúvida, tomou uma parte importante da realidade, todavia, e, geral, esqueceu-se da principal e, o mais trágico de tudo, é que o esquecido. É Aquele Quem dá sentido a tudo o mais. A valorização do homem pelo homem tornou-se paradoxalmente a destruição da sua própria dignidade, como ser essencial que é resultante da imagem de Deus.

II. A Reforma Protestante
No capitulo 2 narra sobre a reforma protestante, trazendo-nos uma abordagem histórica sobre a mesma. Mostrando ter sido este um movimento interno de grande importância para os membros humildes da igreja católica Romana que almejavam por algo a mais dentro da mesma. O renascimento e o humanismo foram fatores externos que contribuíram para o inicio da reforma, especialmente nas mudanças que eles provocaram. A pregação das Escrituras foi um dos fatores preponderantes do movimento de Reforma propriamente dita que, no decurso da mesma, contribuiu para a reforma na educação, principalmente na Alemanha. Quanto à reforma e educação foi Lutero quem lançou as bases da moderna escola pública e do ensino obrigatório, mostrando-nos que todos os seres humanos deveriam receber uma instrução geral capaz de educar todas as faculdades humanas.
Trazendo uma bibliografia magnífica de João Calvino, o autor nos mostra várias fases da vida de Calvino com riquezas de detalhes que particularmente não havia visto. A reforma também é apresentada neste livro como a responsável pela valorização do trabalho. Trata da ética do trabalho mostrando que Lutero e Calvino estavam acordes quanto à responsabilidade do homem de cumprir a sua vocação, com trabalho honesto. Relembra que Calvino defendeu três princípios éticos fundamentais: Trabalho, Poupança e frugalidade. Apresenta a relevância que as Escrituras tiveram no sistema reformado, apresentando que os reformadores tiveram um compromisso muito sério com as Escrituras. Em sua parte final, quanto a este capitulo, mostra-nos a magnitude que é o calvinismo em sua essência. Barth afirma “o verdadeiro discipulo de Calvino só tem uma caminho a seguir: não obedecer ao próprio Calvino, mas Aqueleque era o mestre de Calvino”.

III. O Pensamento Moderno
Maia nos apresenta que os séculos 16 e 17 foram decisivos para o pensamento contemporâneo. Propões analisar de forma resumida, a filosofia e a ciência moderna, traçando uma linha de influência com a teologia. Afirma que não há como precisar a causa primeira deste movimento, por ser ele produto der transformações econômicas, filosóficas, religiosas, educacionais e políticas, etc.
Apresenta-nos uma definição do que é filosofar no sentido estrito da palavra. Definindo-a nos apresenta as três características que distingue a filosofia moderna da Medieval, o que refletiu as mudanças ocorridas desde o século 14: 1) A autonomia da filosofia que se desvinculou da teologia, não tendo mais comprometimentos explícitos com nenhum sistema teológico. 2) O pluralismo das perspectivas filosóficas, o filosofo moderno sente-se livre para sustentar qualquer sistema que apresenta elementos de racionalidade ou pretensa racionalidade. 3) O progressivo desinteresse pela metafísica, como algo irrelevante. Neste período, relata: as atenções se voltaram para a “Epistemologia” e para a “Metodologia”, amplamente defendidos por Descartes.
Na seqüência o autor fala sobre a ciência definindo-as, apresenta os tipos, o compromisso e o limite da ciência. Na ciência e religião no pensamento moderno o autor nos mostra que a ciência moderna que teve a sua gênese no século 17, não estava em principio dissociada da fé cristã. Francis Bacon sustentou que a única esperança da ciência estava na indução. A moderna ciência moderna considerou Deus desnecessário e, o irônico de tudo isto é que a toda-poderosa ciência que não tinha lugar para Deus, também não encontrou lugar para o próprio homem. A ciência, uma vez bem usada, pode ser a melhor medida contra a superstição, pois nos ajuda a melhor conhecer, compreender e apreciar a Deus. O conhecimento humano é limitado. Qualquer tipo de conhecimento parte de Deus. Hermisten conclui este capítulo apresentando algumas conclusões: 1) Deus é o principium essendi de todo conhecimento, inclusive o cientifico; 2) Toda verdade é proveniente de Deus, porque todas as coisas procedem de Deus; 3) A ciência e a fé não se contradizem.
Conclui apresenta a perspectiva de Calvino que diz que a ciência dirigida pela fé nos aproximaria de Deus, concedendo-nos uma compreensão mais adequada dele.

IV. A Ortodoxia Protestante
Este capítulo é iniciado com a definição do termo. A palavra ortodoxia parece ter ganho força no sentido eclesiástico a partir do 4 º século com a elaboração dos “cânones de fé” , sínodo de Nicéia (325), Constantinopla (381); Calcedônia (425) e com o reconhecimento do cânon bíblico (terceiro sínodo de Cartago).
A ortodoxia se baseia nos seguintes pressupostos enquanto sistema de pensamento: 1) O homem pode conhecer a verdade; 2) A verdade é conhecida; 3) O que aquela comunidade ou grupo professa, corresponde a verdade.
O termo em si é normalmente utilizado pelos protestantes para se referir a um sumário das doutrinas defendidas pelos reformadores e em geral aceitas pelas igrejas da reforma. O Rev. Hermisten, afirma que entre o período da reforma e o iluminismo é conhecido como “Escolaticismo Protestante”, “Ortodoxia protestante,” ou “Confessionalista”, e que se caracterizou por uma preocupação profunda e sistemática pelo rigor doutrinário, elaborado com riquezas de detalhes os posicionamentos teológicos da igreja. A denominação “Escolasticismo”, aplicada a este período da teologia protestante significa na visão de Hugh: “uma disposição de ânimo intelectual que pode invadir qualquer tema em qualquer época”. Com isto o resultado foi o estancamento teológico, especialmente nos campos da exegese. Em resumo: fidelidade doutrinária e piedade cristã precisam ou deveriam caminhar de mãos dadas. Em seqüência o autor nos apresenta ainda os elementos geradores que contribuíram para o chamado desvirtuamento da ênfase apresentada, são elas: 1) A educação formal da época – apesar da filosofia de Aristóteles ter perdido em grande parte a sua força desde a renascença, ela permaneceu como matéria em muitas universidades; 2) As Controvérsias protestantes do século 17 – elas foram inevitáveis no desenvolvimento da igreja. Quando a reforma proclamou o direito do juízo privado, num primeiro momento estava rejeitando a autoridade final da igreja. 3) A confiança da razão - os teólogos estavam mais abertos à razão, 4) A preservação da Sã Doutrina – o objetivo dos teólogos foi preservar a doutrina Bíblica de heresias, principalmente das heresias romanas. Neste período surgiram os principais credos do protestantismo gerando mais conhecimento bíblico da palavra de Deus. Contudo apesar dos ideais nobres, o que restava era um ministério vazio e um enfraquecimento espiritual da igreja.
Na conclusão deste capitulo o autor conclui que a doutrina cristã precisava ser apresentada de forma mais completa possível, defendida por João Calvino. Ficando claro pela aplicação de Calvino a necessidade latente do ensino e estudo constante da Palavra de Deus; a fim de que qualquer homem tenha condições de se posicionar diante de Deus de forma consciente. O autor deixa claro que essa necessidade determina o uso cada vez mais evidente da razão. São apresentados dois marcos do ensino ortodoxo: amplitude e simplicidade. Nesse período que surgiram então diversas “Confissões” a fim de tornar clara e objetiva a fé dos crentes além de preservar a são doutrina. Elas precisavam ser completas, entretanto, tinham que ser simples para o entendimento do que estava sendo dito.
Com tudo isso a ortodoxia protestante tornou-se uma transição para o pietismo. Rev. Hermisten conclui este capitulo dizendo: “Nós, reformados, somos herdeiros de muitíssimos de seus conceitos, os quais devem ser preservados, sempre em atenção ao verbo Divino, sustentando uma fé viva em Cristo, que se manifeste em nossa doutrina e vida,”.

V. O Pietismo
Neste capitulo o autor fala sobre o Piestismo. Este é um dos mais eloqüentes movimentos de protesto contra os erros graves que atuavam na vida religiosa da época. O pietismo alemão denota um movimento surgido na ireja Luterana na segunda metade do século 17, onde os principais expoentes foram os seguintes: Philip Jakob Spener (1635-1705), August Francke (1663-1727), Conde Nikolaus Von Zinzendorf (1700-1760), moraviano de uma visão missionária fora do comum.
Teve a marca da perseguição promovida pelos Jesuítas, organização reconhecida em 27 de setembro de 1540 pelo papa Paulo III, pelo concilio de Trento movido e alimentado pelos Jesuítas e a própria contra reforma. Foi um movimento contra uma situação de frieza e comodismo que havia se instalado na igreja.
Os Jesuítas forma peças importantes na guerra dos trinta anos (1618-1648) ocorrida na Europa entre Protestantes e Católicos. Guerra que tinha o objetivo de reconquistar espiritualmente a Europa para o seio da igreja romana. O autor apresenta que o fim da guerra foi selado com a Paz de Westefália.(1648), aí o protestantismo alcançou o seu espaço político, geográfico e religioso. Obviamente, como afirma o autor custou um alto preço.

A guerra em si abateu em muito a vida moral e religiosa dos sobreviventes. A partir disso, a vida espiritual carecia de algo mais sólido. Foi então que surgiu o pietismo. Surgiu a partir de uma obra de Spener, Pia Desideria (1675). Foi um movimento que enfatizou e foi por profundas preocupações. O alvo do pietismo é um retorno à teologia viva dos apóstolos, experiencialismo, formação de pequenos grupos, para juntos estudarem as Sagradas Escrituras e oração.
O Rev. Hermisten destaca quatro características principais do referido movimento, a saber:
1. Experiência Religiosa. A experiência religiosa assume um caráter preponderante na vida do crente;
2. Biblicismo. Seus padrões doutrinários emanam da Bíblia, ainda que o catecismo menor de Lutero (1529) deva ser ensinado às crianças e adultos;
3. Perfeccionismo - Preocupação na proclamação do evangelho e na ação social de socorro;
4. Reforma na igreja. Desejo de reformar a igreja combatendo a sua letargia espiritual bem como as suas práticas mundanas.
O pietismo influenciou outros movimentos e pessoas conforme se pode ver na história; Exerceu poderosa influência sobre o Conde Nicolau Ludwig Von Zinzendorf, mais tarde, líder morávio. Os moravianos focados no pietismo enviaram missionários às varias partes do mundo como ninguém em toda a longa história da igreja. Jonh Wesley pai do metodismo inglês foi influenciado pelos moravianos.
Em resumo, o Pietismo através de pessoas ou movimentos, conseguiu alterar o curso de muitas nações, através de ações substanciais; contribuindo para o surgimento de escolas e seminários a até mesmo para outros movimentos.
Na conclusão desse capítulo o autor destaca que o pietismo chegou ao subjetivismo religioso por via “espiritual” não tardaria chegar a época em que outros concluíram da mesma forma; só eu por via “racional”, Salienta a moderação de Spener e Francke. Contudo, afirma: os seguidores deles, em especial Zinzendorf, com a ênfase na religião do amor ao próximo de forma a tingir o maior numero possível de pessoas com a pregação do evangelho. O autor concorda com Tilich quando afirma que: “o pietismo foi o caminho para o Iluminismo”.

VI. O Iluminismo
No sexto capítulo o autor nos apresenta o iluminismo. Diz que não podemos ignorá-lo, citando Grenz e Olson. Afirma que o iluminismo é um filho tardio do humanismo renascentista. Esse movimento durou cerca de 150 anos (1650-1800), tendo como uma de suas características fundamentais o retorno constante à razão, não mais à revelação; o homem racional é o centro do universo. A razão substituiu a revelação como árbitro da verdade. O homem é a medida de todas as coisas e a razão é o seu instrumento de medição; é o cânon da verdade. Afirma que o homem é a medida de todas as coisas e a razão é o seu instrumento de medição; é o cânon da verdade.
O iluminismo se originou na Inglaterra, alastrando-se pela França e Alemanha, recebendo o referido nome, pois o seu objetivo era iluminar o obscurantismo da tradição. O iluminismo é um movimento antropocêntrico, caracterizado, segundo Bengt, por uma fé ingênua no homem e em suas potencialidades.
Conclui dizendo que ainda hoje buscamos respostas que estão relacionadas com as questões levantadas direta ou indiretamente pelos iluministas.

PARTE II. O ILUMINISMO E O LIBERALISMO TEOLÓGICO DO SÉCULO 19.
VII. Liberalismo Teológico
Inicialmente, nos apresenta uma definição de liberalismo teológico, dizendo que tal movimento deve ser visto como sendo um esforço por interpretar, reformular e explicar a fé cristã dentro de uma perspectiva iluminista. Citando Peirard diz que a característica principal “é o desejo de adaptar as idéias religiosas à cultura e formas de pensar. Afirma ainda que a teologia liberal têm suas raízes fincadas sobre o desenvolvimento da ciência moderna e os pressupostos da filosofia moderna, os quais encontram sua síntese no iluminismo.

O Liberalismo Religioso é um produto da filosofia moderna, da ciência moderna e da iluminação moderna afirma Maia citando Ramm.
Na seqüência apresenta-nos os inspiradores contemporâneos do Liberalismo, a saber: Kant (1724-1804). Diz que este foi o divisor de águas entre a filosofia moderna e a contemporânea. Kant estabeleceu uma distinção entre a “coisa-em-si”, a qual o homem não pode atingir pela experiência e a coisa como se apresenta perceptível ao homem. (Noúmeno - Deus, alma, liberdade) e fenômeno (a coisa como se mostra). Na opinião do autor, mesmo sem cair num agnosticismo teológico, Kant cai num deísmo.
O segundo inspirador foi Hegel (1770-1831), afirma ter sido ele um pensador extremamente sistemático (comparado a Tomás de Aquino) e difícil. Para ele, o único método adequado para o estudo da realidade era o dialético, o qual tinha como modelo os diálogos de Platão. O seu método era dividido em três etapas: a saber: (1) A Tese: É o momento do “ser em si”. Afirma uma parte da realidade negando implicitamente outra parte, considerando que toda afirmação inclui uma negação. (2) A Antítese: É o momento do “fora de si”. É a afirmação da parte da realidade implicitamente negada pela tese. Neste ponto, ocorre a libertação dos limites da estaticidade, revelando a sua riqueza interior (3) A Síntese. É o momento do “ser em si e para si”. É a afirmação da união das partes postas pela tese e pela antítese num todo único, o qual anula as imperfeições dos momentos anteriores, mas conserva a positividade de ambos.
Em sua parte final, tratando-se de Hegel, Rev. Hermisten acredita que o pensamento de Hegel confunde-se com o panteísmo.
O autor passa a falar sobre as áreas de influência do iluminismo sobre a teologia. Afirma que o pensamento iluminista exerceu influência contundente sobre o liberalismo teológico, especialmente nas seguintes áreas:
1. Através do historicismo – Os cânones da histórica cientifica (historiografia) foram cada vez mais elaborados, objetivando uma maior exatidão.
2. O Cientificismo – Com Galileu, a ciência deu um grande salto contribuindo de modo decisório para a sua especialização. Co isto criou-se uma grande fé na ciência.
3. Subjetivismo Religioso – o subjetivismo religioso pode assumir de modo principal duas características: uma racional e outra mística; ambas trazem como seu fundamento a revivência do pensamento de Protágoras de que “O homem é a medida de todas as coisas”.
Segundo o lamento de Tillich, as pessoas perderam interesse na igreja, quando a igreja se reduziu ao sentimento e se enfraqueceu com os hinos sentimentais, em lugar dos grandes hinos antigos cheios do poder religioso da presença do divino.
Quanto ao antropocentrismo o autor afirma que o iluminismo na expressão de Blackham “é a idade de ouro do humanismo”. Neste sentido, esperava-se que a teologia promovesse o bem-estar humano, para tanto, procurava-se harmonizar a verdade teológica com os princípios racionais geralmente aceitos. O autor cita William James (1842-1910) fundador do pragmatismo, mostrando que até Deus tem valor se o seu conceito traz beneficio para o homem.
Quanto ao racionalismo, afirma que os deístas foram os pioneiros na concepção teológica de que a razão é o teste final de toda a verdade, inclusive da verdade teológica e religiosa.
Partindo para o toleracionismo o autor diz que com as descobertas de novas culturas e suas religiões, tentou-se fazer do cristianismo apenas mais uma religião, sendo um produto do gênio inventivo do homem. Nenhuma religião, em virtude desse fato, por si só, pode reivindicar a verdade total na presença de outras religiões. Segundo o autor, esta concepção traz em sua esteira o ecumenismo de todas as religiões, procurando o que cada uma tem de bom.
Nesse tipo de iluminismo, afirma-se que o progresso da humanidade, relacionado com o conhecimento da Psicologia e da sociologia tem contribuído para não dar mais lugar às doutrinas, que segundo eles, são sombrias do homem e desta vida, tais como: carregar o fardo, tomar a cruz, negar a si mesmo, etc. O otimismo iluminista retrata uma antropologia inteiramente confiante na capacidade humana. Não se pode pensar mais em depravação total do homem.
O autor fala sobre a ética. Segundo essa área de influência, a moralidade passou a ser considerada assunto de primeira importância. O homem pode; ele é capaz. Na seqüência o autor descreve a então denominada crítica dos manuscritos medieval e clássico demonstrando que muitos documentos considerados autênticos, de fato não eram. Isto significa entre outras coisas, um abandono da doutrina da inspiração plenária das Sagradas Escrituras. Segundo esse pensamento, a Bíblia deveria ser julgada “textual”, “histórica” e “filologicamente”. Em resumo, seu objetivo foi negar a integridade e a autoria tradicional dos livros bíblicos. O autor nos apresenta três críticos do século 18 que influenciaram a teologia crítica do Século 19:: Johann S. Semler (1725-1791) foi o fundador do criticismo histórico da Bíblia; Hermann S. Reimarus (1694-1768); Gotthold Efraim Lessing (1729-1781); Julius Wellhausen (1844-1918); F.C Baur (1792-1860).
Na conclusão deste capitulo o autor afirma que “O iluminismo sobre muitos aspectos trouxe não a luz, mas as trevas”. Portando, a esperança para o mundo em última instância não está na ciência, mas nos homens fiéis a Deus, que usam dos recursos fornecidos por Deus para a sua glória. Que constitui por sua vez uma benção inestimável para toda a humanidade

ADENDOS
1. Confissão Auricular
Em seus adendos inicia falando sobre a origem da confissão auricular, apresentando que a mesma foi oficialmente estabelecida no Quarto Concilio de Latrão em 1215 pelo Papa Inocêncio III (1198-1216), que determinou que a mesma deveria ser feita pelo menos uma vez por ano ao sacerdote
2. Universidades Medievais
As denominadas Universidades Medievais são produtos da idade média, resultantes dos contatos entre o Mundo Ocidental com o mulçumano e bizantino. As mesmas no decorrer da história só podiam ser fundadas por um Imperador ou pelo Papa. Mesmo que nascendo de forma espontânea deveria ter um documento papal ou real. Mais tarde elas se tornariam objetos de competições. O propósito principal dos papas, apesar das características próprias, visa o monopólio cultural da igreja e torná-las em instrumento conservador e defensor da “ortodoxia” católica; dos reis por sua vez, um meio de projeção pessoal e propagação de seu reino. O autor encerra o adendo apresentando diversas universidade como exemplo.

3. Cristianismo e filosofia
Quanto à relação entre Filosofia e Fé Cristã, o autor nos informa que a relação entre Filosofia e Fé Cristã sempre foi motivo de calorosas disputas até mesmo entre os Pais da igreja. Afirmando que a filosofia ocupava um alto degrau para alguns, cita Justino, Filósofo e Mártir (c.165-c.165 AD); Clemente de Alexandria (c.154-c.215 AD); Agostinho (354-430). Por outro lado, cita outros que eram contrários, destacando a Fé cristã: Hérmias; Taciano, o Sírio; Tertuliano (c160-c.220 AD). Conclui este adendo citando que o apóstolo Paulo também se valeu das contribuições dos rabinos judeus e dos pagãos que o ajudavam e suas argumentação sem ser influenciado pelos seu ensinamentos.
4. Amyraldianismo
Sistema criado pelo teólogo francês Moisés Amyraut. Este afirmava que Deus em Cristo proveu a salvação para todos. Seu sistema trazia consigo um mixto de “Universalismo” e “Particularismo“. Considerava-se um genuíno interprete de Calvino Para combater essa idéia, que na verdade sinaliza uma síntese do calvinismo com arminianismo, o autor cita James I. Packer que afirmou que “Cristo não obteve uma salvação hipotética para crentes hipotéticos; antes proveu uma salvação real para todo o seu povo escolhido”. Encontrou forte oposição entre muitos teólogos reformados da França, Suíça e Holanda.
Cita que entre os teólogos reformados desta interpretação encontrou inúmeros adeptos, como exemplo cita: H. L. J. Heppe; R. Baxter; S. HHopkins; A. H. Strong; L. S. Chafer; John Edward; J. Bellamy; T. Fuller; J. A Ferreira.
5. A Reforma Pombalina
O Iluminismo em Portugal normalmente é associado à pessoa do Marques de Pombal. Pombal sonhava com um Portugal moderno que primasse pelas letras e ciências. Na concepção de Pombal, os jesuítas eram os principais responsáveis pelo grande atraso de Portugal em relação às demais nações européias. Na segunda metade do Séc. XVIII o Marques de Pombal rompe completamente com os Jesuítas, através de um decreto publicado em 12/01/1759. Em 1772, Pombal fez uma reforma nos estatutos da Universidade de Coimbra.
A reforma Pombalina que Rodrigues chama de “progresso e civilização”, conferiu à universidade de Coimbra e de certa forma à igreja um novo paradigma que, querendo ou não, amparava-se na perspectiva moderna, fruto da reforma protestante.
Os referidos tratados da Aliança e amizade e o de comercio e navegação de 1810 entre outros privilégios dava-se um passo adiante para a pregação. Fala também sobre a Constituinte de 1823 e a constituição de 1824 que dentre as várias questões tratadas estabeleceram limites ao protestantismo que se iniciava no Brasil, mas, ao mesmo tempo, providencialmente, preparou o caminho para a expansão do mesmo em terras brasileiras.
Ao abordar a tradição liberal do Brasil, o autor crê que a mesma contribuiu, ainda que indiretamente para uma tolerância religiosa. Sobre a tradição liberal do Brasil diz que, conquanto suas dificuldades, também contribuíram indiretamente para uma tolerância religiosa. Entrementes, surgiu no Brasil a tipografia; a primeira imprensa brasileira; o primeiro jornal (1808).

Conclusão:
Em meu simples e singelo conhecimento da teologia contemporânea, fiquei surpreso como tudo aqui lido e apreciado. Conhecia o livro Teologia Contemporânea de Harvey, livro texto estudado no seminário Presbiteriano do norte, na década de 1980. A riqueza de detalhes aqui apresentado pelo professor Hermisten me deixou fascinado pela maneira como foi abordado trazendo não apenas conhecimento, mas principalmente subsídios para que a história seja relatada minuciosamente.

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