sábado, 4 de abril de 2009

HISTÓRIA DA FILOSOFIA I

HISTÓRIA DA FILOSOFIA I
QUESTIONÁRIO

1. QUE SIGNIFICA MAIÊUTICA SOCRÁTICA?
R. Maiêutica. Confrontado com as limitações das suas definições, o interlocutor, acaba por reconhecer as limitações do seu próprio saber. É então convidado a reformular a resposta anterior, dando uma definição mais ampla, na direção da universalidade.
Para Sócrates, a alma só pode alcançar a verdade "se dela estiver grávida". Com efeito, ele se professava ignorante, e, portanto, negava firmemente estar em condições de transmitir saber aos outros ou, pelo menos, saber constituído por determinados conteúdos. Mas, da mesma forma que a mulher está grávida no corpo, tem necessidade da parteira para dar à luz, também o discípulo que tem a alma grávida de verdade tem necessidade de uma espécie de arte obstétrica espiritual que ajude essa verdade a vir à luz – e nisso consiste a "maiêutica" socrática.
O objetivo de Sócrates era ajudar seus discípulos a conceberem suas próprias idéias, auxiliando o interlocutor a encontrar a resposta, por meio de um trabalho de reflexão, uma vez que o verdadeiro entendimento deve vir do interior.
2. QUAIS OS CONCEITOS CENTRAIS DO PENSAMENTO DE PLATÃO QUE ELE APRESENTA NO MITO DA CAVERNA?
R. Na alegoria do Mito da Caverna temos os seguintes conceitos do pensamento de Platão.
a) Assim como os homens que estavam enclausurados na caverna, sem poderem se movimentar, somente com uma forte luz atrás de si, vendo as sombras que refletiam na parede da caverna, a sociedade estava e está de muitas formas na escuridão, no que se refere ao saber científico. Para que o homem que foi libertado da escuridão se ambientasse com a luz levou tempo, e teve de ser aos poucos. Assim, para que possamos sair da escuridão para encontrar a luz do saber científico, temos que nos esforçar, nos ambientar aos poucos com esse saber, que à primeira vista é ofuscante e confunde nossas idéias, mas ao longo do tempo vamos nos acostumando e percebendo que o pensamento que tínhamos anteriormente era completamente limitado. As dificuldades na transição do saber empírico para o saber científico fazem com que muitos desistam, mas os que conseguem ultrapassar essa fase nunca mais querem voltar à escuridão. Muitos estão privados do saber científico e pensam que tudo sabem, e que o conhecimento que possuem é suficiente para que tudo entendam.
b) No Mito da Caverna, os homens que lá viviam achavam que a realidade da caverna era a única existente e que as sombras eram seres que se comunicavam. A visão que eles tinham da realidade era completamente distorcida do real. E isso não ocorre somente com os prisioneiros de Platão, mas também com os que negam o saber científico, com os que nada sabem e pensam que tudo sabem. A prova disso é que quanto mais uma pessoa se aprofunda no estudo filosófico ou de qualquer outra área, mais ela descobre que ainda tem muito a conhecer. Isso porque passa a conhecer outras realidades, não somente a que estava acostumado. E quanto mais realidades se descobrem, mais percebe que tem muito a aprender.
Muitos negam o saber científico, talvez pelas dificuldades que surgem à medida que vão descobrindo-o, talvez por achar mais cômodo permanecer sem o total conhecimento das coisas para não se preocupar demais com as coisas do mundo. Assim, as pessoas deixam de aproveitar de tudo o que o saber científico pode proporcionar para ficar preso nas limitações do saber científico.
c) Devemos perceber que, de certa forma, estamos também na escuridão como os prisioneiros de Platão, quando somente assistimos ao que se passa na televisão e nos outros meios de comunicação sem procurar questionar se os fatos narrados, que muitas vezes são manipulados, estão munidos de total clareza. Não se pode ficar restrito a uma só realidade, preso pelos que manipulam a mente da sociedade, não se pode ver os fatos de um só ângulo, deve-se refletir e pensar sobre o que nos é passado, para que não fiquemos eternamente presos na escura caverna do saber empírico e recebamos a luz do verdadeiro saber.


3. QUAL A VISÃO DE PLATÃO A RESPEITO DA FORMAÇÃO DA REALIDADE?
R. Platão fornece uma resposta algo diferente a Parmênides. Falava de um “receptáculo” em que a mistura de todas as coisas está contida (esta é a analogia do Vazio do atomista). Mais tarde, no entanto, também empregava o princípio da “qualidade outra” para distinguir uma coisa de outra. Esta tem sido chamada a diferenciação pelo não-ser relativo, porque afirma que toda a determinação é pela negação. Por exemplo, definimos ou identificamos o lápis por demonstrar que não é a mesa, nem o chão, nem qualquer outra coisa. Isto não significa que não existe qualquer outra coisa, mas simplesmente que o lápis não é todas as outras coisas. Logo, este é chamado o princípio do não-ser relativo, visto que, relativamente a todas as demais coisas, o lápis não é todas as demais coisas. Toda a diferenciação é pela negação. Um escultor “diferencia” a estátua da pedra por cinzelar (negar) tudo quanto não é a estátua. Desta mesma maneira, sugeriu Platão, tudo no mundo real (i.é, o mundo das Idéias ou Formas) pode ser diferenciado de todas as demais coisas.
Há várias maneiras segundo as quais esta solução pode ser criticada. Primeiramente, Parmênides perguntaria como o diferenciar pelo não-ser (relativo ou não) pode ser uma diferença real. Se ser é o que é real, logo, o não-ser seria aquilo que é não-real. Daí, se as coisas fossem diferentes somente pelo não-ser, não haveria diferença real entre elas. Em segundo lugar, outros filósofos perguntariam como toda a determinação pode ser mediante a negação. Como o escultor saberia quando parar de cinzelar a pedra a não ser que primeiramente tivesse alguma idéia positiva daquilo que a estátua haveria de ser? Finalmente, se toda a determinação (e a diferenciação) fosse pela negação, então seria necessário um número infinito de negações (de tudo o mais no universo) a fim de conhecer a identidade de qualquer coisa. Mas isto é impossível para uma mente finita.
Foi o próprio Platão a chamar a atenção para a existência de "um grande combate" (608b),[1] aquele travado entre a razão e a imagem, entre o discurso racional e as artes (miméticas). De uma forma que se pode considerar perversa, serão as artes mesmas a incorporarem os critérios instituídos por esse discurso que estabelece a oposição, aceitando princípios heterônomos e tentando responder às condições impostas por uma ordem que nunca foi a sua, aquela do discurso racional sobre o real, conformando-se, assim, às exigências do reconhecimento teórico.
Será justamente pela problemática do reconhecimento do real e das possibilidades de construir sobre este um conhecimento que, por sua vez, traduza o homem para o próprio homem, o lugar por onde Platão começa seu discurso mais conhecido e divulgado sobre a arte: a consciência ante o mundo que a cerca e o reconhecimento de si mesma como alteridade. O conceito de “mímesis” será ponto axial da teoria platônica da arte e alavanca mestra de sua condenação dos poderes artísticos. O Livro X de A República oferece-nos uma síntese esclarecedora do sentido de tal condenação, ao deixar explícito o reconhecimento, por parte do filósofo, do poder desenvolvido pela arte de seu tempo para criar ilusão. Mas não apenas aí são encontrados elementos que remeteriam àquele "grande combate".

4. COMO ARISTÓTELES EXPLICA O PROCESSO DO CONHECIMENTO?
R. Segundo a tese sofística sobre o conhecimento, podemos dizer brevemente que ela se desdobra dessa maneira: se conhecimento é sensação, então (i) tudo o que conheço é o que me aparece e é verdadeiro para mim e (ii) o conhecimento depende da disposição do percipiente, i.e., se muda a disposição, muda-se o conhecimento. Ou seja, se o conhecimento é sensação, então o que conheço, o que é verdadeiro para mim é aquilo que aparece aos meus sentidos, e, como a sensação depende da disposição do percipiente, então também o conhecimento depende da disposição do percipiente, portanto, se o saudável pensa que o vinho é doce, mas o doente que é amargo, então é verdadeiro que o vinho seja doce e amargo ao mesmo tempo, visto que o modo pelo qual conhecem depende da
disposição de cada um.
Aristóteles refuta esta argumentação ao mostrar o que é qualidade sensível e em que ela difere do que aparece ao sujeito, que conhecimento não é sensação de modo absoluto e nem o ser é perceber de modo absoluto, mas apenas em parte. As diferenças, portanto, entre conhecimento e sensação e entre ser e perceber se tornarão evidentes a partir dos seguintes argumentos: o primeiro argumento consiste em dizer que a qualidade sensível e o que me aparece, bem como a sensação e a mera aparência são coisas distintas. A qualidade sensível é uma propriedade real da coisa externa e independente do sujeito, já a aparência é uma afecção do sujeito, algo interno e dependente daquele que a sente. Porém, como veremos, nem tudo o que me aparece é verdadeiro, já a sensação dos sensíveis próprios será sempre verdadeira. O segundo argumento consiste em mostrar que aquilo que é não é absolutamente idêntico ao mundo sensível.
A realidade que se oferece a nós tem uma forma de existência que se assemelha à do organismo - isto é, de ser uma unidade múltipla, vivente, temporal - o conhecimento humano devia ser exatamente a mesma coisa. Ou seja, não somente o ser tem esta forma orgânica de existência - a unidade de uma diversidade imersa no tempo e num processo evolutivo --, mas o conhecimento humano também deve ser uma unidade muito complexa de elementos diversos, coeridos sob uma forma orgânica, e existentes no tempo através de uma sucessão de transformações.
Porém, Aristóteles insiste que a sabedoria é própria somente de Deus, e que para o homem ela é antes um ideal realizado de maneira precária e parcial do que uma posse efetiva. Por isto, no esquema da escala do conhecimento segundo Aristóteles, é justo incluir ou excluir o sexto estrato, a sabedoria, porque ela pertence à estrutura do homem como um ideal, mas não lhe pertence como posse efetiva.


5. QUAIS OS CONCEITOS CENTRAIS DO ESTOICISMO, EPICURISMO E CETICISMO?
R. O estoicismo concebe a filosofia de forma sistemática e composta de três partes fundamentais: a física, a lógica e a ética, cuja relação é explicada através da metáfora da árvore. A física corresponderia à raiz, a lógica ao tronco e a ética aos frutos. Portanto, a parte mais relevante é a ética: são os frutos que podemos colher da árvore do saber, porém não podemos tê-los sem as raízes e o tronco. Para se alcançar a felicidade é necessário o autocontrole, a contenção e a austeridade.
Os epicuristas foram grandes defensores de uma física materialista, atomista e mobilista, tendo a teoria do conhecimento epicurista caracterizada pela valorização da experiência imediata. A ética epicurista, assim como a estóica, postulava como principio básico a felicidade, obtida pela tranqüilidade e imperturbabilidade.
O Epicurismo está ligado ao prazer. Epicuro acreditava que o homem necessitava de Liberdade, amizade e tempo para meditar e o prazer estaria ligado à ausência de aflições como dor ou abstinência sexual, enquanto o estoicismo preconiza a indiferença. Zenão de Cítio que foi indiretamente influenciado por Heráclito, regia que o objetivo da vida é a felicidade, e esta deve ser perseguida segundo a natureza. A plenitude da felicidade é quando se abandona todas as paixões terrenas, ou seja, vive em eterna apatia, sem esperar nada da vida.
Quanto ao ceticismo e a tradição cética, nota-se que há uma diferença fundamental entre a Academia de Clitômaco e de Carnéades, e o ceticismo. Enquanto os acadêmicos afirmam ser impossível encontrar a verdade, os céticos, por assim dizer "autênticos", seguem buscando a verdade. O termo grego "skepsis" que se refere aos céticos, propriamente ditos, significa literalmente investigação, indagação. No entanto, com o advento do cristianismo e sua institucionalização como religião oficial do estado no Império Romano a partir do séc. IV se dá o progressivo ocaso das filosofias pagãs, inclusive do ceticismo.

BIBLIOGRAFIA:
COTRIM, Gilberto. FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA. SER, SABER E FAZER. Saraiva:1997, 13 ed..
JACQUES, Maritain. INTRODUÇÃO GERAL À FILOSOFIA. ELEMENTOS DE FILOSOFIA I. Rio de janeiro: Agir. 1994. 17 ed.
GEISLER, Norman L. e FEINBERG, Paul D. INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – UMA PERSPECTIVA CRISTÃ. São Paulo: Vida Nova, 1983, 1 ed.
[1] Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-512X2004000100006. Acessado em 24/11.08 às 12.40 h.

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